Isabela da Costa
César, Fernão Castro Braga, Cristina Duarte Vianna-Soares, Elzíria de Aguiar
Nunan, Thiago Assis Franco Barbosa, Ligia Maria Moreira-Campos
Introdução
A
cromatografi a em camada delgada (CCD) em sílica gel é uma das técnicas mais
utilizadas para a separação e identifi cação de produtos naturais (Moffat, 1986;
Julião et al., 2003; Valente et al., 2006), sendo amplamente empregada para o
controle de qualidade analítico de matérias-primas vegetais e fi toterápicos
(Budel et al., 2004; Sousa et al., 2007). Embora sejam descritos, na
literatura, alguns métodos por CCD para análise de isofl avonas (Mabry et al.,
1970; Harbone et al., 1975; Wagner; Blat, 1996), não foram encontradas
condições detalhadas para a obtenção de perfi s cromatográfi cos visando a
identifi cação de glicosídeos e agliconas de isofl avonas, em matérias-primas
vegetais (extratos de isofl avonas) ou produtos acabados.
No presente
trabalho são apresentadas condições de separação por CCD para identificar glicosídeos
e agliconas de isoflavonas, permitindo monitorar o processo de hidrólise de
extratos secos de soja.
Condições cromatográficas para análise
por CCD
As análises por CCD foram realizadas em
cromatofolhas de alumínio TLC de sílica gel 60 F254 (Merck, Darmstadt,
Alemanha). Aplicaram-se nas placas alíquotas de 10μL de solução etanólica contendo 0,5 mg/mL de cada um
dos padrões (genisteína, daidzeína e gliciteína), e 10μL de solução metanólica de cada amostra de extrato seco
de isoflavonas (MP1, MP2 e MP3) a 5 mg/mL,
antes e após hidrólise ácida. Foram
desenvolvidos dois sistemas eluentes. O sistema A, constituído de mistura de acetato de etila e
clorofórmio (70:30), foi utilizado para a separação das agliconas. O sistema B,
utilizado para a separação dos glicosídeos, era constituído de uma mistura de
acetato de etila, metanol e água (75:13, 75:11,25). Os cromatogramas foram
desenvolvidos em cubas saturadas. A visualização das manchas correspondentes
aos glicosídeos e agliconas foi feita com auxílio de luz ultavioleta, a 254 nm,
em câmara ultravioleta Spectroline CM-10. O Rf correspondente a cada isoflavona
foi calculado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Inicialmente,
foram obtidos vários perfis cromatográficos por CCD em sílica gel, empregando
condições descritas na literatura para isoflavonas (Mabry et al., 1970; Harbone
et al., 1975; Wagner; Blat, 1996). A grande diferença de polaridade entre
glicosídeos e agliconas dificultou a obtenção de uma condição cromatográfica
única para separação de todas as formas de isoflavonas presentes em extratos
secos de soja. Dessa forma, foram propostos e otimizados dois sistemas eluentes
distintos, sendo um para separação e identifi cação de agliconas e outro para os
glicosídeos. A Figura 2 apresenta, de
forma esquemática, os perfi s cromatográfi cos obtidos por CCD nos dois sistemas
eluentes empregados (A e B) e os valores de Rf para os padrões das isoflavonas e
para as três amostras de extratos secos, antes e após hidrólise. No perfil
cromatográfico (Figura 2-A) obtido com o eluente acetato de etila e clorofórmio
(70:30), para a separação das agliconas, os glicosídeos das isoflavonas não
foram eluídos, devido à baixa polaridade do sistema empregado. Já com o eluente
acetato de etila, metanol e água (75:13, 75:11,25), figura 2-B, houve eluição
dos glicosídeos, mostrando dois componentes, com valores de Rf iguais a 0,45 e
0,51, que provavelmente referem-se aos glicosídeos da daidzeína (daidzina) e da
genisteína (genistina), tendo em vista as agliconas que são formadas após hidrólise. De acordo com os perfis cromatográficos obtidos
e correspondência com os valores de Rf dos padrões, verifica-se que a amostra
MP1 apresenta manchas correspondentes a genisteína e daidzeína com maiores
intensidades, bem como aos glicosídeos dessas duas isoflavonas. A amostra MP2 se
mostrou rica em daidzeína e daidzina, não apresentando outras isoflavonas em
quantidades suficientes para detecção por CCD. Antes da hidrólise, MP3
apresentava apenas a aglicona daidzeína, porém na amostra hidrolisada foi
possível identificar também gliciteína, indicando que essa isoflavona encontra-se
na forma de glicosídeo na amostra não hidrolisada, que ou não foi separada pelo
sistema solvente, ou não foi detectada.
CONCLUSÃO
As
condições estabelecidas para análise por CCD mostraram-se adequadas para a
identificação de isoflavonas no extrato seco de soja e para avaliar a eficiência
da hidrólise, pelo desaparecimento, nas placas, das manchas referentes aos
glicosídeos.
Fonte: Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 17(4): 616-625, Out./Dez. 2007
Postado por Thamiris Montenegro
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