sábado, 12 de abril de 2014

DEVIDO AOS RISCOS QUE OS RESÍDUOS DE PESTICIDAS TRAZEM À SAÚDE DE QUEM CONSOME ALIMENTOS CONTAMINADOS COM ELES, HÁ NECESSIDADE DE UM MONITORAMENTO CONSTANTE DOS NÍVEIS DE RESÍDUOS DOS MESMOS NOS MAIS VARIADOS PRODUTOS1.


Instituições com laboratórios capazes de analisar resíduos de pesticidas são escassas em muitas regiões e totalmente ausentes em outras. Isto porque os métodos analíticos usualmente empregados nestas análises, que são os cromatográficos, requerem equipamentos sofisticados e pessoal técnico especializado. Além disso, essas técnicas demandam dos laboratórios de resíduos grande investimento em infra-estrutura e materiais nem sempre acessíveis2.
Assim, devido ao alto custo das análises, necessidade de pessoal especializado e sofisticação dos métodos empregados, a elevação do número de amostras a serem analisadas não pode ser feita na justa medida da demanda. Conseqüentemente, a busca de novos métodos para monitorar resíduos de pesticidas deve ser estimulada tanto sob o ponto de vista ambiental como o de saúde pública3,4. Desta forma, neste trabalho pretendeu-se desenvolver uma metodologia simples e de baixo custo, sem a necessidade de equipamentos sofisticados e de fácil aplicação local, isto é, nas próprias regiões produtoras e distribuidoras de frutas e legumes por exemplo, podendo-se, assim, ampliar o monitoramento e controlar a qualidade desses produtos nas principais regiões agrícolas do Brasil.
A cromatografia em camada delgada (TLC) foi a metodologia escolhida e desenvolvida neste estudo para a determinação dos resíduos. As vantagens desse método são a simplicidade, a instrumentação de baixo custo e a versatilidade, apresentando-se, portanto, adequado à execução de determinações em série. Além disso, a TLC pode ser usada quando as possibilidades de aplicação de outros métodos são limitadas pelas propriedades da amostra, como por exemplo, substâncias termolábeis, baixa volatilidade ou presença de quantidades consideráveis de impurezas dificultando a análise (resinas, pigmentos, etc.)5-7. O sucesso da separação cromatográfica depende do método de detecção. Substâncias coloridas são, é claro, visíveis como manchas distintas ao fim da corrida. Uma das maiores vantagens da TLC é a grande variedade de reagentes de detecção usados, os quais podem ser mais ou menos seletivos. Quando o reagente dissolvido no solvente adequado é aplicado na placa, produz-se uma mancha colorida in situ. O reagente pode ser classificado como não específico se produzir manchas coloridas com uma variedade de compostos, ou específico se for somente reativo com compostos contendo um grupo funcional particular5,8.
O método mais comum para análises quantitativas em TLC utiliza densitômetros contudo, existem vários outros métodos de detecção muito sensíveis que também podem ser utilizados com esta finalidade como, por exemplo, a reação de Hill. Esta reação faz parte do processo de fotossíntese das plantas. Cerca de 40% dos herbicidas (uracilas, feniluréias e triazinas, dentre outros) destroem as ervas daninhas devido à capacidade que possuem em interferir com o processo fotossintético.
A reação 2H2O + 2A ® 2AH2 + O é conhecida como reação de Hill. No esquema, A representa um aceptor artificial de hidrogênio, em sua forma oxidada e AH2 representa um aceptor artificial de hidrogênio, em sua forma reduzida. O aceptor utilizado por Hill foi o 2,6-diclorofenolindolfenol, um corante não biológico que na sua forma oxidada (A) é azul e na forma reduzida (AH2) é incolor 9.
Além desse processo, existem outros processos químicos e biológicos que são responsáveis pela detecção de resíduos de pesticidas em TLC e a maior ou menor sensibilidade e seletividade desses compostos vão depender da capacidade que os mesmos possuem de inibir determinadas reações químicas ou biológicas10. A literatura apresenta vários exemplos desses métodos capazes de detectar pesticidas na ordem de nanogramas11-21. Compostos organoclorados, fenoxiácidos e triazinas podem ser detectados com nitrato de prata16. Inseticidas organofosforados e carbamatos podem ser detectados por reações enzimáticas15,19. Herbicidas triazínicos e derivados de uréia, por inibição da fotossíntese21.
Similarmente às outras técnicas cromatográficas, a identificação das substâncias é também contestável em TLC, já que compostos diferentes podem apresentar o mesmo valor de Rf. Além disso, são necessários padrões puros para identificar compostos desconhecidos. Teoricamente, seriam necessários reagentes específicos para cada identificação. O uso combinado de vários reagentes de detecção ajuda na identificação de tipos ou classes de compostos, mas não na identificação do composto individual. A única solução para a identificação é o uso combinado de técnicas5-7.
A tomaticultura, apesar de ser uma cultura rentável, costuma atravessar fases críticas devido à ocorrência freqüente e constante de pragas durante todo o ciclo da planta. Face à rápida proliferação de pragas, os agricultores realizam aplicações preventivas de pesticidas até duas vezes por semana, o que além de aumentar o custo da produção pode induzir resistência às pragas22,23.
Este estudo foi realizado com o intuito de investigar a possibilidade de aplicação do método de cromatografia em camada delgada (TLC) em combinação com métodos de extração e "clean-up" para análise de resíduos de pesticidas em amostras de tomate, devido aos riscos que os resíduos de pesticidas trazem à saúde de quem os consome e frente à necessidade de um monitoramento constante dos níveis de resíduos.   POSTADO POR:HÉLCIO SAMPAIO                                                                                                                                                                                                                               

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