segunda-feira, 19 de maio de 2014

Determinação de daidzeína, genisteína e gliciteína em cápsulas de isoflavonas por cromatografi a em camada delgada (CCD).

Isabela da Costa César, Fernão Castro Braga, Cristina Duarte Vianna-Soares, Elzíria de Aguiar Nunan, Thiago Assis Franco Barbosa, Ligia Maria Moreira-Campos

Introdução

A cromatografi a em camada delgada (CCD) em sílica gel é uma das técnicas mais utilizadas para a separação e identifi cação de produtos naturais (Moffat, 1986; Julião et al., 2003; Valente et al., 2006), sendo amplamente empregada para o controle de qualidade analítico de matérias-primas vegetais e fi toterápicos (Budel et al., 2004; Sousa et al., 2007). Embora sejam descritos, na literatura, alguns métodos por CCD para análise de isofl avonas (Mabry et al., 1970; Harbone et al., 1975; Wagner; Blat, 1996), não foram encontradas condições detalhadas para a obtenção de perfi s cromatográfi cos visando a identifi cação de glicosídeos e agliconas de isofl avonas, em matérias-primas vegetais (extratos de isofl avonas) ou produtos acabados.
No presente trabalho são apresentadas condições de separação por CCD para identificar glicosídeos e agliconas de isoflavonas, permitindo monitorar o processo de hidrólise de extratos secos de soja.




Condições cromatográficas para análise por CCD

As análises por CCD foram realizadas em cromatofolhas de alumínio TLC de sílica gel 60 F254 (Merck, Darmstadt, Alemanha). Aplicaram-se nas placas alíquotas de 10μL de solução etanólica contendo 0,5 mg/mL de cada um dos padrões (genisteína, daidzeína e gliciteína), e 10μL de solução metanólica de cada amostra de extrato seco de isoavonas (MP1, MP2 e MP3) a 5 mg/mL, antes e após hidrólise ácida. Foram desenvolvidos dois sistemas eluentes. O sistema A, constituído de mistura de acetato de etila e clorofórmio (70:30), foi utilizado para a separação das agliconas. O sistema B, utilizado para a separação dos glicosídeos, era constituído de uma mistura de acetato de etila, metanol e água (75:13, 75:11,25). Os cromatogramas foram desenvolvidos em cubas saturadas. A visualização das manchas correspondentes aos glicosídeos e agliconas foi feita com auxílio de luz ultavioleta, a 254 nm, em câmara ultravioleta Spectroline CM-10. O Rf correspondente a cada isoflavona foi calculado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicialmente, foram obtidos vários perfis cromatográficos por CCD em sílica gel, empregando condições descritas na literatura para isoflavonas (Mabry et al., 1970; Harbone et al., 1975; Wagner; Blat, 1996). A grande diferença de polaridade entre glicosídeos e agliconas dificultou a obtenção de uma condição cromatográfica única para separação de todas as formas de isoflavonas presentes em extratos secos de soja. Dessa forma, foram propostos e otimizados dois sistemas eluentes distintos, sendo um para separação e identifi cação de agliconas e outro para os glicosídeos.  A Figura 2 apresenta, de forma esquemática, os perfi s cromatográfi cos obtidos por CCD nos dois sistemas eluentes empregados (A e B) e os valores de Rf para os padrões das isoflavonas e para as três amostras de extratos secos, antes e após hidrólise. No perfil cromatográfico (Figura 2-A) obtido com o eluente acetato de etila e clorofórmio (70:30), para a separação das agliconas, os glicosídeos das isoflavonas não foram eluídos, devido à baixa polaridade do sistema empregado. Já com o eluente acetato de etila, metanol e água (75:13, 75:11,25), figura 2-B, houve eluição dos glicosídeos, mostrando dois componentes, com valores de Rf iguais a 0,45 e 0,51, que provavelmente referem-se aos glicosídeos da daidzeína (daidzina) e da genisteína (genistina), tendo em vista as agliconas que são formadas após hidrólise.  De acordo com os perfis cromatográficos obtidos e correspondência com os valores de Rf dos padrões, verifica-se que a amostra MP1 apresenta manchas correspondentes a genisteína e daidzeína com maiores intensidades, bem como aos glicosídeos dessas duas isoflavonas. A amostra MP2 se mostrou rica em daidzeína e daidzina, não apresentando outras isoflavonas em quantidades suficientes para detecção por CCD. Antes da hidrólise, MP3 apresentava apenas a aglicona daidzeína, porém na amostra hidrolisada foi possível identificar também gliciteína, indicando que essa isoflavona encontra-se na forma de glicosídeo na amostra não hidrolisada, que ou não foi separada pelo sistema solvente, ou não foi detectada.



CONCLUSÃO

As condições estabelecidas para análise por CCD mostraram-se adequadas para a identificação de isoflavonas no extrato seco de soja e para avaliar a eficiência da hidrólise, pelo desaparecimento, nas placas, das manchas referentes aos glicosídeos.




Fonte: Revista Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy 17(4): 616-625, Out./Dez. 2007

Postado por Thamiris Montenegro

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